DAMAS DA NOITE: CATIVAS FADAS DE MEU JARDIM

Damas da noite. Quando criança, era um acontecimento o desabrochar, na casa da Madre Helena. 

Família reunida em torno de uma única flor, rebento aguardado, acompanhado e cantado.

Hoje, em meu jardim, de todos os pés plantados, um, especial, produz em abundância, muitas e...

muitas vezes em cada ano. Semana após semana, conforme determinar-se. Aguardo.
Fotografo e filmo, sem pretensões maiores do que partilhar o encantamento, sem êxito. 

Para quem vê as reproduções não há novidade: são baças, desfiguradas; para mim, é registro de momentos mágicos, inebriantes.

Não consigo ser fiel. 

As belas flores, espécie de desabrochar noturno, têm as imagens esmaecidas com o flash da máquina. 

A verdade está na memória, no coração.
Nasceram para a vista presente, o "ao vivo", inebriar, encantar. À noite.

Não delicadas como a seda das onze horas, que se regozijam ao sabor do sol a pino, são elas companheiras da lua.

E encantam, com seu perfume profundo, corporificado na penumbra, em cada flor e folha, pau e torrão, conforme o breu avança.

Bela flor noturna, que me vigia as noites de Itanhaém, cativa fada de meu jardim.
Semana que vem, mais companheiras velarão minhas noites, como na semana passada. 
Aguardo, enlevada.

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Maria da Glória Perez Delgado Sanches